quarta-feira, 9 de maio de 2012

Mahler

Gustav Mahler (Kalischt, Bohemia, 7 de Julho de 1860 - Viena, 18 de Maio de 1911.
Foi regente e compositor. Atualmente, Mahler costuma ser visto como um dos maiores compositores, lembrado por ligar a música do século XIX com o período moderno, e por suas grandes sinfonias e ciclo de canções sinfônicas, como, por exemplo, Das Lied Von Der Erde. (A Canção da Terra).
É considerado também um exímio orquestrador, por usar combinações de instrumentos e timbres que pudessem expressar suas intenções de forma extremamente criativa, original e profunda. Suas obras (principalmente as sinfonias) são geralmente extensas e com orquestração variada e numerosa. Mahler procura romper os limites da tonalidade, posto que em muitas de suas obras há longos trechos que parecem não estar em tom algum. Outra característica marcante das obras de Mahler é um certo caráter sombrio, algumas vezes ligado ao funesto.

O Legado de Mahler

As composições de Mahler tiveram um grande impacto em compositores como Schönberg, Webern, e Berg. Em maestros como Bruno Walter e  OttoKlemperer. Esses dois trabalharam com Mahler e foram ajudados por ele em suas carreiras, e mais tarde ajudaram a difundir a música de Mahler pela América, onde esta influenciaria a composição das músicas para os filmes de Hollywood.

Mahler também influenciou Erich Korngold e Richard Strauss, e as primeiras sinfonias de Havergal Brian.

Entre as inovações introduzidas por Mahler estão o uso de melodias com grandes implicações para a harmonia, a combinação expressiva de instrumentos, em grande e pequena escala e combinação da voz e do coral à forma sinfônica.

Além de compositor, Mahler foi também um grande maestro e suas técnicas de regência sobrevivem até os dias de hoje.

Em sua época Mahler encontrou dificuldades em ver seu trabalho aceito. Por bastante tempo ele ficou mais conhecido por suas excepcionais habilidades como maestro de orquestra do que como compositor. Porém, ele confiava em seu talento e dizia: "Meu tempo há de chegar!" E de fato, seu tempo chegou, na metade do século XX, pelas mãos de uma geração de regentes e admiradores que o conheceram, como o norte-americano Leonartd Bernstein. Em pouco tempo, ciclos completos das sinfonias de Gustav Mahler foram gravados e suas obras foram executadas por muitas orquestras importantes.

Atualmente entre os maiores e mais conhecidos intérpretes de Mahler estão: Pierre Boulez, Riccardo Chailly,claudioAbbado, Bernard Hairink, Simon Rattle, Michel Tilson Thomas, Zubin Mehta, Markus Stenz e  Benjamim Zander.

Gustav Mahler inicialmente seguiu a tradição dos músicos alemães, encabeçada por Johann Sebastian Bach e pela "Escola de Viena" de Haydn, Mozart, Beethoven e Schubert e que ainda incoporaria uma geração de compositores românticos, tais como SchumannMendelssohn.. Entretanto, a influência decisiva em seu trabalho veio de Richard Wagner, quem, segundo suas palavras, era o único compositor que realmente tinha o desenvolvimento (ver forma-sonata) em suas músicas, depois de Beethoven.

A música de Mahler é bastante pessoal e reflete muito da personalidade e vida do autor. Suas sinfonias são temáticas e são influenciadas pela literatura. As sinfonias são complexas, enormes, tanto na duração, quanto na quantidade de músicos necessários para sua execução. Mahler costumava dizer que suas sinfonias deviam representar o mundo. De maneira parecida com a nona sinfonia de Beethoven, a voz humana é usada nas sinfonias números 2, 3, 4 e 8. Sua sinfonia número 8 requer mais de mil músicos, entre orquestra, solistas e um coral imenso.

Mahler costuma usar melodias folclóricas, marchas, e instrumentos, como trompete, que lembram a música militar, suas sinfonias são muito coloridas, com alternâncias rápidas e inesperadas de notas altas e baixas, sons fortes e fracos, momentos de tragédia, de triunfo, e de paz e extrema beleza. A orquestração é original e o uso que faz dos instrumentos definem um som mahleriano inconfundível.

A morte é o tema presente em sua obra. Passagens alegres dão lugar a outras trágicas e de desespero, que refletem a vida atribulada do próprio compositor. Mahler não teve uma infância fácil, seu pai batia na mulher, viu o irmão querido morrer, seus pais morreram mais ou menos logo, e ele viu-se na condição de chefe da família e responsável pelo sustento dos outros irmãos mais novos. Mesmo após tornar-se adulto e ser independente, a vida não foi fácil. O espectro da morte pairava sobre Mahler, pois ele, da mesma forma como a mãe, sofria de problemas cardíacos; sua filha morreu em 1907; era apaixonado pela esposa, Alma, contudo esta o traía.

Apesar de a tragédia ou a morte estarem sempre presente, não se pode dizer que a obra de Mahler seja pessimista. De todas as suas sinfonias completas, apenas uma (a sexta) termina realmente mal, com a morte do herói sinfônico, e mesmo assim, de forma bastante heróica, no melhor estilo das grandes tragédias gregas. Algumas passagens, como o Adagietto da sinfonia n.º 5, ou o tema Alma da sinfonia n.º 6 são muito belas.Gustav Mahler foi também o prenúncio de uma nova era da história da música, em que as composições passariam a ser atonais. Músicos famosos, dessa nova era, e que lhe sucederam, como Alban Berg e Arnold Schönberg mostrariam respeito e admiração pelo músico. Schönberg escreveu sobre Mahler: Em vez de perder-me em palavras, talvez fosse melhor dizer logo: acredito firmemente que Gustav Mahler foi um dos maiores homens e dos maiores artistas que jamais existiram.
















Fontes pesquizadas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Mahler
                                  http://www.youtube.com/watch?v=nslBGQ2Ij40




domingo, 6 de maio de 2012

SAINT-SAËNS, Camile - Carnaval dos animais


Apesar da aparente inocência e infantilidade, o Carnaval representa uma crítica ao cenário musical de Paris do final do século XIX. Cheia de referências a outros compositores, Saint-Saëns proibiu a sua execução; sua estréia em concerto foi póstuma a 9 de março de 1886.
Essa fantasia, foi escrita na Áustria no início de 1886, por ocasião da terça feira gorda em Paris. Depois veio a se repetir a 2 de abril na casa da cantora Pauline Viardot, em benefício de Franz Liszt. Eram reuniões privadas, pois o autor não desejava que a obra fosse levada ao conhecimento do público. Muitas de suas páginas, com efeito, são paródias musicais nas quais Saint-Saëns debicava de compositores célebres, e até mesmo de seus intérpretes; ele expressa na obra um humor por vezes ácido, e que não é forçosamente injustificado. Uma peça, no entanto, foi publicada em vida do autor, e tornada famosa pela bailarina Anna Pavlola.
As 14 peças são assim desenvolvidas:
1. Introdução e marcha real do leão. Os dois pianos trinam e arpejam; as cordas abrem a marcha do soberbo animal, imitando seus rugidos.
2. Galinhas e galos. Clarinetes, pianos, violinos e viola em um breve trecho à moda de Rameau.
3. Hémiones (asnos selvagens do Tibet. Animais muito velozes). Em um Presto furioso, os dois pianos lançam-se em escalas de clima de loucura, que jamais se alcançam.
4. Tartaruga. Offenbach está presente aqui com sua obra Orfeu no Inferno. Tocada em andamento extremamente lento perlas cordas, sobre um acompanhamento do piano.
5. O Elefante. O contrabaixo com ornamentos do piano tocam o tema da Dança das sílfides da Danação de Fausto de Berlioz, com uma alusão ao Scherzo do Sonho de uma noite de verão de Mendelsshon.
6. Cangurus. Os dois pianos saltitam. Eles hesitam, eles param...
7. Aquarium. Flauta, celesta, os dois pianos e as cordas. As flautas dão um sentido de ondas, os pianos um sentido de nadar, a celesta faz parecer gotas de água.
8. Personagens de orelhas longas. Por poucos compassos dois violinos alternam seus diálogos.
9. O Cuco no fundo do bosque. Com o acompanhamento do piano, a terça do cuco é dita e redita pelo clarinete.
10. Viveiro. Uma flauta chilreia com acompanhamento dos pianos e das cordas.
11. Pianistas. São segundo Saint-Saëns verdadeiros animais, e não dos menos barulhentos. Devem imitar o toque de um aluno de piano iniciante, alternado em escalas e terças duplas, com notas desafinadas. As cordas rangem, irritam-se e interrompem o insuportável duo.
12. Fósseis. As antigüidades – uma série de citações que se encadeiam vivamente. A Dança macabra surge como um leitmotiv do movimento. Outras obras são citadas: Aria da Rosina do barbeiro de Sevilha,Ah! Vous dirai-je maman, Partan pour la Syrie e J’ai du bom tabac.
13. O Cisne. Uma nobre bobagem, segundo o próprio Saint Saëns. O violoncelo toca sobre as harmonia dos pianos. No final ele adormece.
14. Final. Um desfile de toda a bicharada, onde desfilam os principais temas ouvidos durante a obra, inclusive a dos pianistas.

NARRAÇÃO

LEÃO
Agora nós vamos visitar um jardim zoológico, e conhecer os animais de uma forma diferente. O primeiro que aparece é justamente o rei dos animais: o Leão. Orgulhoso e imponente, ele marcha pela floresta, desprezando a todos. “Eu sou o rei” – ruge com ferocidade, “eu sou o senhor dos animais”. (Introdução e marcha real do leão)
GALINHAS E GALOS
Este zoológico tem até um galinheiro - representado pelas cordas unidas ao clarinete solista - onde o galo namorador, corteja as galinhas, que, entretanto, estão muito preocupadas em botar ovos.
ANTÍLOPES
Como correm esses antílopes pelos campos!
Eles são conhecidos por serem muito velozes e aqui aparecem estar voando, quando os dedos ágeis dos pianistas deslizam pelo teclado numa velocidade incrível, então prestem atenção nestes dois antílopes que vão passar aí. Não vai dar tempo para vê-los direito.
TARTARUGAS
Aparecem agora as tartarugas que queriam ser bailarinas. Fazem o que podem para dançar o can-can de Offenbach. Uma melodia bastante importante conhecida. E para descrever realmente o movimento das tartarugas, o autor utiliza a melodia num andante em que elas possam acompanhar. E depois de tanto esforço, como elas acabam cansadas.
ELEFANTE
E as tartarugas encontram um rival: o elefante também quer dançar. “Se elas podem – diz ele – eu também posso”. As melodias escolhidas agora são a dança das Sílfides de Berlioz e o Scherzo de Sonhos de um Verão de Mendelsshonn. Mas para acompanhar sua dança, o elefante quer um instrumento que seja do seu tamanho, que combine com sua delicadeza de movimentos – o Contrabaixo.
CANGURUS
Atrás do elefante vem dois cangurus. Cautelosamente e muito curioso observam os animais que dançam na frente, e quando menos se espera, eles começam a pular.
AQUÁRIO
Vocês observaram alguma vez como é bonito um aquário de águas azuis, cheio de peixinhos vermelhos, que nadam abanando as suas barbatanas? Esses sim, são bons bailarinos. Vejam por exemplo, esse peixinho que de vez em quando dá rápido e harmonioso mergulho para o fundo do aquário.
PERSONAGEM DE ORELHAS LONGAS
Assim como os bailarinos, temos também cantores. Observem esses dois burros e ouçam como eles tentam zurrar bem dentro da música. São tão afinados! Também pudera, com as longas orelhas que tem, devem escutar muito bem todas as coisas.
O CUCO NO FUNDO DO BOSQUE
Fechem os olhos e imaginem um bosque cheio de árvores muito verdes e muito altas. O sol se filtra tranqüilo por entre as folhas num fim de tarde de verão. Escondido no alto de um pinheiro, vocês poderão ouvir um cuco, aquele passarinho que lembra o relógio da vovó. Meio triste, entediado, ele canta no fim do dia. O cuco toca a clarinete.
VIVEIRO
Vocês ouviram antes só um passarinho cantando. Agora estamos num viveiro, onde muitos pássaros felizes formaram um coral. Voando pelo ar, eles entoam canções alegres. E naturalmente, quem dirige o coral é aquele passarinho chamado flauta, que vocês já conhecem.
PIANISTAS
De repente aparecem dois pianistas que também querem participar da festa do zoológico. Eles vão tocar para vocês, mas não reparem: são principiantes e a única coisa que sabem tocar, mais ou menos, é um certo exercício de piano. Por favor, perdoem os erros...
FÓSSEIS
Todos sabem o que é um fóssil de um animal antigo, muito velho mesmo, mas que apesar de tão antigo, ainda assim, se conserva com o tempo. Na música, também temos fósseis, isto é, velhos motivos musicais que todo mundo recorda e que ainda assim, estão vivos e interessantes. Aqui, o autor amontoou muitos desses temas: a sua própria dança macabra, três canções populares francesas, e até um pedacinho da ária de Rossini, da ópera do Barbeiro de Sevilha.
E tudo isto, com sabor ligeiramente cômico, dado pelo xilofone.
CISNE
Chegamos ao lago de nosso zoológico. Bem no meio, nobre e tranqüilo, um belo cisne branco desliza sobre as águas. Ninguém melhor que o naipe das cordas para representar a calma, a solitária elegância do cisne, que lentamente desaparece ao nosso olhar.
FINAL
Chegamos ao final de nossa visita do zoológico. Todos os animais grandes e pequenos, aves, peixes, cantam, dançam a sua alegria! Até nossos pianistas participaram dessa festa. Ah, mas não se assustem: a esta altura, eles até já aprenderam a tocar. Música maestro!

Vídeo ao som da 14 peça:






Biografia

Camile Saint Saëns ( Paris, 9 de Outubro de 1835 - Argel, 16 de Dezembro de 1921

O seu pai morreu quando ele tinha apenas quatro meses de idade. Camille foi criado pela mãe e por uma tia. Como havia um piano na casa, aos dois anos e meio de idade o rapaz já gostava de brincar com as teclas, e em pouquíssimo tempo já tocava pequenas melodias sem ter sido ensinado por ninguém. A sua mãe e a sua tia deram lhe as primeiras lições de teoria musical.
Aos 7 anos de idade já escrevia pequenas peças. Recebeu lições de piano de Camille Stamaty e Alexandre Boëly, e de harmonia Pierre Maleden, e aos 10 anos já conseguia tocar algumas das peças mais difíceis de Mozart e Ludwig van Beethoven.
Apresentou-se em público pela primeira vez na Sala Pleyel, em Paris, a 6 de maio de 1846, sem ter completado ainda 11 anos de idade. Na ocasião, tocou o 3° concerto de Beethoven e o n°15 de Mozart, para o qual escreveu sua própria cadência. Aos 13 anos de idade, entrou para o Conservatório de Paris, onde estudou Órgão instrumento musical com Benoist, contraponto e fuga com Jacques Fromental Halévy.
Para auxiliar a família, tocava órgão na Igreja de St. Merry, e em 1857 obteve o cargo de organista na Igreja da Madeleine, cargo esse que ocuparia por 20 anos. Aos 25 anos já era famoso na Europa inteira como pianista e compositor, tendo escrito três sinfonias, um concerto para violino, peças de música sacra.


Fontes pesquisadas: